sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Sentir-se Ser



Curioso o fato das pessoas serem aquilo que sentem mas não se sentirem ser o que são. “A gente é o que a gente pensa” ou “você atrai o que transmite” são frases comuns no nosso dia-a-dia e em minha opinião completamente verdadeiras, mas ainda assim podemos perceber que por diversas vezes as pessoas dizem que nós somos exatamente aquilo que não achamos que somos ou, por vezes, nós achamos que somos exatamente o que as pessoas acham que não somos... e mais uma vez a gente entra no mundo das percepções. Você já percebeu se a percepção da pessoa sobre você é igual à percepção que você tem sobre a percepção da pessoa sobre você? Você pode perceber tudo sobre a percepção dos outros? Aliás, será que os outros podem perceber tudo sobre você? Talvez você perceba apenas o que os outros ainda não perceberam em você e julgue que isso seja o todo dessa percepção, quando na verdade pode ser que você ainda não tenha percebido aquilo que a pessoa percebeu sobre você. Fico me perguntando então, como poderemos usar nossa percepção da melhor forma, para nós mesmos e para os outros? Como você faz para usufruir da sua percepção?
Você utiliza os seus sentidos? Você ouve o que as pessoas falam sobre você? E se você puder ouvir agora o que elas não falam, preste atenção, talvez você ouça melhor. Você vê o que as pessoas falam sobre você? Olhe bem, olhe de novo, algumas pessoas falam visualmente muito melhor do que auditivamente, talvez você possa notar gestos, traquejos, mínimos sorrisos no canto da boca que falam muito além do que se vê, você já viu os seus gestos enquanto vê os gestos dos outros? Você já tocou o que as pessoas falam sobre você? Pode parecer estranho, mas podemos tocar, sentir na pele aquilo que os outros percebem de nós. Já percebeu? Não é à toa que, por exemplo, numa relação amorosa os dois amantes sintam em algum momento que podem palpar aquela realidade vivida a dois. Os sentimentos são palpáveis, já sentiu? Preste atenção no seu coração, na sua respiração quando você está com alguém que ama, dá pra sentir na pele não dá? Talvez você possa também, sentir na pele o que sente e o que sentem por você. Preste atenção em que parte sua você ainda não percebeu que sente a percepção dos outros sobre você. 
Auditiva, visual ou cenestesicamente, talvez a melhor forma para perceber o que se percebe da gente seja se perceber diferente... nós podemos mudar o tempo todo os canais de percepção que possuímos quando usamo-los para perceber o que somos lá dentro de nós mesmos. Os canais de percepção são como portas que nos dão acesso ao maior tesouro que já possuimos e assim, simplesmente, podemos ser o que se é.
 E se você sentir sua pele agora, não só por fora, mas também por dentro, talvez você possa perceber o sangue vivo circulando em você. E se você ouvir agora, não só os sons do ambiente mas os sons do seu corpo, talvez você possa ouvir o som de um coração forte e vibrante dentro de você. E se você fechar os olhos externos e abrir seus olhos internos para enxergar aí dentro, será que você vai perceber o que ainda não percebeu agora? Você é uma metáfora perfeita de vida, energia, força e segurança. Desfrute de tudo isso que você já é.

Thiago Moraes.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Gira Sol!


Era uma vez uma boneca que queria ser um girassol. Ela passava horas observando essas plantas no jardim. E como eram coloridos aqueles girassóis... e como era gostoso o aroma que eles exalavam, atraiam abelhas e beija-flores. Todos os dias aquelas flores estavam diferentes, mais bonitas. Enquanto a boneca estava ali do mesmo jeito, com a mesma roupa, com o mesmo cabelo, com o mesmo tamanho. Ela observava que os girassóis do jardim estavam a cada dia maiores e sempre se movendo em direção ao sol, e assim queria ser como eles: absorver a energia do sol e promover também sua fotossíntese. Mas, por mais que a boneca absorvesse a energia do sol, ela tinha sempre a impressão de que não podia ser como os girassóis:  - Será que uma boneca também não pode fazer sua fotossíntese? Ela se perguntava. Triste, foi então que ela olhou para o outro lado do jardim e em meio a todas aquelas flores avistou uma linda menininha que todo dia aparecia para brincar com ela. Sentiu a alegria crescendo naquela menininha cada vez que se aproximava mais e, enquanto se movia em sua  direção, a menininha parecia cada vez maior. Como sorria a menininha ao ver sua boneca, ficava cada vez mais bonita. Sua alegria a deixava diferente, parecia colorir o ambiente e a cada abraço que recebia, sentindo o aroma gostoso que exalava aquela menininha, a boneca sentia-se afetuosamente protegida. E foi assim, observando todas as reações da menininha, enquanto recebia aquele abraço gostoso, que a boneca se deu conta de que talvez não fosse como o girassol, pois, na verdade, ela já era como o próprio sol. 

Thiago Moraes

domingo, 13 de novembro de 2011

Vivendo a vida que vive você



Você já parou para observar que quando nós abraçamos alguém sentimos algumas partes dessa pessoa e outras não? Você já reparou que partes dessa pessoa você não sente? E as partes que você sente mas ainda não se deu conta que sente?
Você já percebeu que quando abraçamos alguém, pensando no quanto gostamos dessa pessoa, estamos funcionando como um sol? Irradiando todo o nosso gostar, todo o nosso carinho, amor, afeto? Talvez nós possamos ser como o sol quando abraçarmos alguém... e se pararmos para pensar direitinho, talvez possamos ser como a lua também. Até mesmo a lua irradia a energia que recebe. Já viu como a lua pode iluminar as nossas noites? Nós, da mesma forma, podemos receber uma energia que nos chega de fora e também, da mesma forma, podemos deixá-la ir... se a energia chegou até nós é porque está em movimento e se está em movimento não vai parar em nós, assim como você já faz com a sua respiração automaticamente. Quando você respira, recebe o ar que vem de fora, absorve tudo aquilo que vai ser útil a cada uma de suas células, nutrindo-as saudavelmente, ao mesmo tempo em que o ar, automaticamente, vai absorvendo tudo aquilo que suas células não precisam e assim você joga fora o que não precisa ficar com você, o que não lhe faz bem. E você já sabe fazer tudo isso não sabe? Talvez seu inconsciente já tenha se dado conta daquilo que seu consciente ainda não percebeu e talvez agora você possa, conscientemente, se dar conta daquilo que o seu inconsciente já percebeu.  

Camila Sousa e Thiago Moraes.

sábado, 29 de outubro de 2011

É verdade absoluta...



...que na verdade as outras verdades também são verdadeiras, por mais que usem a mascara da ilusão em alguns momentos... é bem verdade que as verdades não são regras e elas variam umas das outras e principalmente de si mesmas... a minha verdade de hoje já desmentiu minhas outras verdades e várias vezes. De quê vale a sua verdade? Sua verdade vale muito e pra muitas coisas, inclusive, pra lhe dizer que é verdade que a sua verdade pode ser verdadeiramente muito mais ampla e melhor do que a verdade que você vê.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Histórias de PSF - A dor estampada.


Uma senhora entra no consultório com visível dificuldade para andar, puxando a perna esquerda e ao sentar-se diz:
- Doutor, tô com uma dor da "gota" aqui dentro da bolacha do joelho!
- Na bolacha do joelho? Hmmm...e essa dor começou quando minha senhora? - Pergunto eu.
- Ah doutor, faz uns 7 dias que tá assim...foi logo depois que comecei a usar a sandália estampada.
- Sandália estampada? - Questiono sem entender a relação da dor com a tal sandália.
- Sim doutor, daquelas cheia de "frorzinha".
Como quem não entendeu bulhufas murmuro - Hmmmm... e porque a senhora acha que essa dor começou quando usou essa sandália estampada?
- Ah doutor é porque eu sou alérgica a estampas.

terça-feira, 24 de maio de 2011

E cão é que cura?



Você já observou o comportamento dos cachorros? Eles são muito interessantes. Se tem um bicho que sabe viver sabiamente esse bicho é o cachorro. Desde criança até os dias de hoje convivo com cães em casa e sempre me deixei contagiar pela  enorme  alegria desses animais. Eles sabem até sorrir sem mostrar os dentes, basta balançar a cauda pra isso. E a festa que eles fazem toda vez que você acorda ou volta pra casa, mesmo que você tenha passado intermináveis cinco minutos fora dela. E eles pulam pra um lado, correm pro outro, abraçam, rolam e mostram a barriga propositalmente só para que você dê uma carinhosa coçadinha. São animais que têm uma alta tolerância às decepções, às dores da vida, às inquietações e às tristezas; e não fazem idéia do significado da palavra rancor. Quando aprontam algo de errado, você pode brigar com eles, apontar o dedo, falar num tom de voz áspero e rude que, embora no momento eles se abaixem todo e fiquem completamente arredios, dois minutos mais tarde lá estão fazendo aquela mesma festa, a mesma folia que fazem quando estão com saudades de você, é como se eles soubessem que o que realmente importa é o fato de que os amamos e que eles nos amam também e muito. Essa é a forma que os cães têm de nos dizer que aquele momento de dor, tristeza, raiva ou decepção  já passou e assim como tudo que é passado, o que passou, passou! Tá lá atrás, tão longe. O momento presente está bem aqui, cara-a-cara com você, aguardando por novas alegrias que merecem ser vividas no momento de agora, nesse novo instante. É mesmo muito sábio esse bicho que tão facilmente sabe o que é melhor pra si e assim seguir em frente, sem mostrar os dentes, apenas balançando a cauda. E quando o ser adoece? Ele sai correndo lá pro jardim da casa onde pode achar várias plantas e seleciona exatamente aquela plantinha que você não faz nem idéia do que seja, nem pra que serve, e come. Ingere a planta como se fosse um elixir específico pra curar aquela dor de barriga que tanto o inquietava. São muito curiosas essas habilidades do cachorro. Como é que ele sabe que aquela planta vai resolver o seu problema? É realmente um mistério, mas o fato é que eles parecem saber que aquelas plantinhas ali curam todos os males. E não é que curam?

Thiago Moraes 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Deu-se, dá amor à dor!



Certa vez estava de plantão em uma maternidade e acompanhava o trabalho de parto de uma jovem de cerca de 20 anos. Ela estava esperando seu primeiro filho e, como era de se esperar, bastante ansiosa. Pela primeira vez enfrentava aquela situação, tudo era novo, assustador, olhava-me como quem não sabia ao certo o que fazer. Em seu olhar era visível o medo que sentia pelo que estava prestes a acontecer associado à expressão de dor em seu rosto a cada contração uterina que se seguia. Apesar de tudo isso e de tantas incertezas que se passavam em sua cabeça, ela se saiu muito bem, a jovem mamãe estava fazendo um ótimo trabalho: respirava, sabiamente, na hora que tinha que respirar e a cada vez que a dor surgia parecia fazer uma pequena oração, como se estivesse pedindo a Deus sabedoria para fazer o que deveria fazer e força para bravamente enfrentar e superar com sucesso aquele momento tão marcante em sua vida. E a jovem demonstrava tanta certeza, tanta convicção em sua oração. E de fato, a cada segundo daquele momento, Deus estava operando uma série de pequenos milagres. A jovem mamãe de primeira viagem aos poucos descobria que não precisava fazer força o tempo todo, apenas quando fosse necessário porque, afinal de contas, o parto é um processo natural e assim, através da natureza, Deus também estava fazendo sua parte, operando, a cada momento, seus pequenos milagres, naturalmente, todo o processo vai acontecendo... um momento de dor se transformando no milagre da vida. E logo que o milagre da vida se deu ali naquela sala, Deus permitiu que a mamãe visse seu filho pela primeira vez. E eu ali presenciando tudo isso me perguntava: quantos momentos mágicos podem existir em um único momento? Parece-me que o poeta estava certo ao dizer que cada criança ao nascer, nos traz a mensagem de que Deus não perdeu a esperança nos homens. O olhar e a expressão do rosto daquela jovem mamãe se transformaram milagrosamente em uma nova vida dentro dela mesma, continham a força, a admiração e o verdadeiro amor que ela sentia por aquele novo e lindo serzinho que chegava ao mundo. Quem estava naquela sala pôde ver aqueles olhos, mas mais do que isso, pôde sentir aquele olhar, e através de um simples olhar aquela jovem pôde transmitir a força do amor transformador que é o milagre da vida.    

 Thiago Moraes

domingo, 3 de abril de 2011

Medicadores de plantão - pra que serve a faculdade de medicina?



Essa semana me surgiu uma indagação curiosa: Por que vai, um paciente, à procura de um médico?
Ao tentar responder a essa pergunta várias respostas passaram em minha mente; entretanto, foi à pergunta que apareceu em seguida que fixei meus pensamentos:
Pra que serve uma faculdade de medicina?

A resposta mais direta e óbvia a essa outra pergunta é: para formar médicos.
Mas essa resposta esconde em si ainda outras perguntas:
Que qualidade de médicos as faculdades de medicina estão formando?
Médicos da qualidade necessária aos pacientes que os procuram?
E que qualidades são essas tão necessárias aos nossos pacientes?
Médicos que saibam receitar bons medicamentos?
Afinal de contas, por que é mesmo que vai, um paciente, à procura de um médico?

A palavra paciente, que vem do latim: patior (aquele que sofre), adquiriu ao longo dos tempos, desde os mais remotos até os atuais, uma série de significados:
·         Paciente é um resignado, conformado, que espera serenamente um resultado.
·         Paciente é aquele que faz com paciência, perseverando numa atividade difícil e lenta.
·         Paciente é a pessoa que padece, doente.
·         Paciente é aquele que é objeto da ação praticada por um agente.

Talvez, penso eu, a resposta à indagação inicial esteja contida na própria pergunta. Seu paciente...ativamente...vai  ao seu consultório, à sua PROCURA.

A procura em si serve como resposta. É o início, meio e fim. Só isso basta. Já lhe é suficiente.

Um aluno aplicado e preocupado procura um professor para tirar uma dúvida que noite e dia o atormenta...um professor dedicado procura nos livros a resposta que não soube dar ao aluno interessado, angustiado e atormentado...o autor do livro, um sério estudioso que dedicou sua vida ao assunto, que contém a reposta àquela tão peculiar pergunta procura fontes que sustentem sua tese...

A procura, como início, meio e fim por si só move as razões necessárias às perguntas.
E não seria a procura, além de uma resposta, também uma pergunta? Afinal de contas, só se procura o que se precisa e só procura quem precisa.

Portanto, seu paciente pode estar procurando resignação, resultados... muitas vezes difícil e lentamente, pois está padecendo, doente... desejando uma co-ação, uma ajuda, uma compreensão praticada por aquele que, na expectativa do mesmo, mais sabe. Aquele que passou seis anos ou mais estudando e se dedicando aos conhecimentos da saúde humana.

Assim sendo, penso novamente na outra pergunta: Pra que serve a faculdade de medicina?
Para formar “Medicadores de plantão”? Indivíduos especializados e angustiados com uma obsessiva e satisfatória idéia: a de receitarem remédios?
Ou para formar de fato e de direito “Médicos de plantão”?

Talvez a maior função da faculdade de medicina seja a de formar especialistas em procuras. Indivíduos estrategicamente treinados a resignar, conformar e a dar resultados. Seres humanos dispostos a praticar distintas ações para tratar daquele que padece, seja qual for a qualidade da doença, mesmo que para isso seja preciso perseverar e muitas vezes ser também paciente.

Convenhamos, um remédio é um objeto, que cabe na mão do médico; já o médico, é onde a mão cabe.

Thiago Moraes

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

assustAdorAmente


Cada cabeça é um planeta?
E vem você me dizer que não há vida fora da Terra.
Um insulto a quem tem cabeça!

Há vida no seu planeta?
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