terça-feira, 24 de maio de 2011

E cão é que cura?



Você já observou o comportamento dos cachorros? Eles são muito interessantes. Se tem um bicho que sabe viver sabiamente esse bicho é o cachorro. Desde criança até os dias de hoje convivo com cães em casa e sempre me deixei contagiar pela  enorme  alegria desses animais. Eles sabem até sorrir sem mostrar os dentes, basta balançar a cauda pra isso. E a festa que eles fazem toda vez que você acorda ou volta pra casa, mesmo que você tenha passado intermináveis cinco minutos fora dela. E eles pulam pra um lado, correm pro outro, abraçam, rolam e mostram a barriga propositalmente só para que você dê uma carinhosa coçadinha. São animais que têm uma alta tolerância às decepções, às dores da vida, às inquietações e às tristezas; e não fazem idéia do significado da palavra rancor. Quando aprontam algo de errado, você pode brigar com eles, apontar o dedo, falar num tom de voz áspero e rude que, embora no momento eles se abaixem todo e fiquem completamente arredios, dois minutos mais tarde lá estão fazendo aquela mesma festa, a mesma folia que fazem quando estão com saudades de você, é como se eles soubessem que o que realmente importa é o fato de que os amamos e que eles nos amam também e muito. Essa é a forma que os cães têm de nos dizer que aquele momento de dor, tristeza, raiva ou decepção  já passou e assim como tudo que é passado, o que passou, passou! Tá lá atrás, tão longe. O momento presente está bem aqui, cara-a-cara com você, aguardando por novas alegrias que merecem ser vividas no momento de agora, nesse novo instante. É mesmo muito sábio esse bicho que tão facilmente sabe o que é melhor pra si e assim seguir em frente, sem mostrar os dentes, apenas balançando a cauda. E quando o ser adoece? Ele sai correndo lá pro jardim da casa onde pode achar várias plantas e seleciona exatamente aquela plantinha que você não faz nem idéia do que seja, nem pra que serve, e come. Ingere a planta como se fosse um elixir específico pra curar aquela dor de barriga que tanto o inquietava. São muito curiosas essas habilidades do cachorro. Como é que ele sabe que aquela planta vai resolver o seu problema? É realmente um mistério, mas o fato é que eles parecem saber que aquelas plantinhas ali curam todos os males. E não é que curam?

Thiago Moraes 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Deu-se, dá amor à dor!



Certa vez estava de plantão em uma maternidade e acompanhava o trabalho de parto de uma jovem de cerca de 20 anos. Ela estava esperando seu primeiro filho e, como era de se esperar, bastante ansiosa. Pela primeira vez enfrentava aquela situação, tudo era novo, assustador, olhava-me como quem não sabia ao certo o que fazer. Em seu olhar era visível o medo que sentia pelo que estava prestes a acontecer associado à expressão de dor em seu rosto a cada contração uterina que se seguia. Apesar de tudo isso e de tantas incertezas que se passavam em sua cabeça, ela se saiu muito bem, a jovem mamãe estava fazendo um ótimo trabalho: respirava, sabiamente, na hora que tinha que respirar e a cada vez que a dor surgia parecia fazer uma pequena oração, como se estivesse pedindo a Deus sabedoria para fazer o que deveria fazer e força para bravamente enfrentar e superar com sucesso aquele momento tão marcante em sua vida. E a jovem demonstrava tanta certeza, tanta convicção em sua oração. E de fato, a cada segundo daquele momento, Deus estava operando uma série de pequenos milagres. A jovem mamãe de primeira viagem aos poucos descobria que não precisava fazer força o tempo todo, apenas quando fosse necessário porque, afinal de contas, o parto é um processo natural e assim, através da natureza, Deus também estava fazendo sua parte, operando, a cada momento, seus pequenos milagres, naturalmente, todo o processo vai acontecendo... um momento de dor se transformando no milagre da vida. E logo que o milagre da vida se deu ali naquela sala, Deus permitiu que a mamãe visse seu filho pela primeira vez. E eu ali presenciando tudo isso me perguntava: quantos momentos mágicos podem existir em um único momento? Parece-me que o poeta estava certo ao dizer que cada criança ao nascer, nos traz a mensagem de que Deus não perdeu a esperança nos homens. O olhar e a expressão do rosto daquela jovem mamãe se transformaram milagrosamente em uma nova vida dentro dela mesma, continham a força, a admiração e o verdadeiro amor que ela sentia por aquele novo e lindo serzinho que chegava ao mundo. Quem estava naquela sala pôde ver aqueles olhos, mas mais do que isso, pôde sentir aquele olhar, e através de um simples olhar aquela jovem pôde transmitir a força do amor transformador que é o milagre da vida.    

 Thiago Moraes
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