terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O Heavy Metal é Junguiano



"Muitos de nós almejam ver a luz e viver na beleza do seu eu mais elevado, mas tentamos fazer isso sem integrar todo o nosso ser. Não podemos ter a experiência completa da luz sem conhecer a escuridão. O lado sombrio é o porteiro que abre as portas para verdadeira liberdade."

Ao ler o trecho supracitado do livro "O lado sombrio dos buscadores da luz", da escritora americana Debbie Ford, logo me vi, anos atrás, deitado em meu quarto com fones de ouvido, sentindo no mais alto e bom som, toda a melancolia, fúria, beleza e força do mais autêntico Heavy Metal, pra ser mais específico Doom/Gothic Metal. 

A Obra se baseia no conceito de "Sombra" elaborado pelo Psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, que pode ser resumido (não, não pode!) com as próprias palavras de quem o criou: "É a coisa que uma pessoa não tem desejo de ser".  

Quem me olhava via por fora tanta calma e serenidade sem saber que ali dentro tudo urrava. Após alguns minutos tudo estava em sintonia e ao terminar de ouvir o álbum e sair do quarto a sensação era a de estar saindo de mim mesmo. Era a minha meditação. 

Mal pude me dar conta na época que a música se tornara uma das principais responsáveis pelo meu contato mais íntimo com a ciência da alma e comigo mesmo. O Metal foi o meio para um fim desconhecido. Não era a letra, não era o som; o que eu queria ouvir era a mim mesmo.

Muitos não entendem como alguém pode gostar de um som agressivo ou tão grotesco ou ainda tão negativo e pessimista. Alguns associam o estilo musical a práticas religiosas obscuras; todos temos os nossos próprios demônios. Para alguns é difícil aceitar o que não se pode entender. Para outros é melhor exorcizar o que não se pode conviver. Para mim, o Metal é Junguiano.
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