domingo, 9 de novembro de 2008

Hospital Geral do Estado (HGE) - A verdade por trás da fachada




Nota: Essa carta denúncia foi encaminhada para o Conselho Regional de Medicina
e Sindicato dos Médicos de Alagoas.

HGE (Um Desabafo.)

Informamos aos senhores que, lamentavelmente, a situação atual do tão propagado Hospital Geral, é extremamente grave e preocupante pelos prejuízos que vem causando a cada dia, à população e também aos seus funcionários.

A desorganização, o descaso e os constantes desencontros fazem parte de um triste e horripilante cenário.

Inúmeros pacientes internados pelos corredores e em macas improvisadas, a superlotação das enfermarias nos mostra o quanto deficitário se encontra o sistema de saúde do nosso estado e do nosso país.

São centenas de ambulâncias vindas de vários municípios e se perfilam na frente do HGE e no estacionamento, como um verdadeiro "desfile daquilo que não se deveria fazer".

Enquanto os Hospitais do interior continuam com seus leitos vazios e desabastecidos de tudo.

Sabemos que a culpa não é só de A ou de B, mas de todo alfabeto e inclusive dos analfabetos em administração da saúde pública

Os funcionários das diversas áreas permanecem perplexos, estarrecidos, anestesiados e encurralados pelas pressões da desorganização e da superlotação,

Como se estivessem sendo jogados em jaulas de leões, executam de forma humanamente impossível e à duras penas, suas tarefas para amenizar a dor e o sofrimento dos pacientes amontoados naquela instituição.

Vê-se no rosto de cada um, a angustia, a indignação e a marca recente da frustração, quando se falava em dias melhores...

O desconforto, o calor das enfermarias, as inúmeras cobranças e pouquíssimos funcionários de todos os setores fazem parte do selo daquilo que se chama Inferno.

As ameaças e desacatos atingem de forma mais abrangente desde a recepção ao serviço social e assim por diante.

As alas de internação recebem os mais cáusticos raios de sol, "queimando" a pele não só dos funcionários de enfermagem, mas de alguns pacientes que devido ao calor, solicitam alta hospitalar imediatamente.

As telefonistas "acomodadas" devidamente numa "Cabine- Estufa" ouvem todos os tipos de barulhos, às vezes também o telefone...

Sem falar na deficiência das salas de repouso, direito de todos.

A teimosia em manter o número de funcionários subdimensionados transformou o ambiente hospitalar numa verdadeira casa de senzala.

As áreas coloridas tornaram as tarefas menos produtivas e pelo pequeno número de profissionais de saúde, aumentou ainda a questionável assistência hospitalar humanizada.

Os pacientes das áreas AMARELAS (UTI- disfarçada) e que, portanto necessitam de cuidados intensivos, são "jogados" para os Clínicos que não possuem qualificação para tal e que dentro em breve serão responsabilizados por algo que eles não terão culpa, mas os castigos da lei lhes serão imputados.

Quem trabalha com pacientes dessa natureza são os INTENSIVISTAS.

O HGE teve morte prematura antes de completar um mês de vida.

O "Mega-projeto" não preenche os requisitos que deveriam ser exigidos e aprovados após criterioso estudo de suas verdadeiras dimensões.

Diante desse quadro, o seu corpo apresenta sérias deformidades e nos parece que ficou principalmente acéfalo.

É uma beleza de unhas maliciosas não só pela perversidade escondida, mas principalmente pela maneira descompromissada em se conduzir o sistema de saúde.

Que os erros sejam corrigidos a tempo, antes que muitas vidas sejam ceifadas

Urge providencias dos Sindicatos e dos conselhos não só de Medicina, mas de todas as categorias envolvidas no trabalho hospitalar.

Talvez a intervenção do Ministério Público, nos ajude a encontrar uma solução em curto prazo.

Que Alagoas não sirva mais uma vez de chacotas para os outros estados da federação!


José Roberto de Moraes

crm 1860

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