Às vezes penso que os sonhos são como bolinhas de sabão. Criados por um sopro de esperança vindo dos ingênuos pulmões de uma criança que desconhece a dor daqueles que se arriscam. Assim como as crianças olham para as bolinhas de sabão eu olho para os sonhos. Em câmera lenta elas parecem subir cada vez mais alto, e de tão frágeis que são, sobem cada vez mais lentas. É possível prolongar os sonhos, como as crianças fazem ao observar aquelas bolinhas de sabão. São encantadas é verdade, observá-las demais pode fazer com que cresça a expectativa de que as mesmas não estourem, afinal de contas é bonito ver as bolinhas brilharem um arco-íris dentro delas. Ainda assim elas estouram. Acabou o sonho? Eu costumava ficar triste quando as bolinhas de sabão estouravam. Mas com o passar dos anos fui percebendo um fenômeno interessante ocorrendo dentro de mim. Cada vez que eu criava uma nova bolinha de sabão, frágil e colorida, criava-se também, no meu ser mais profundo, a ânsia pelo fim que viria; agora o que eu queria mesmo era ver a bolinha de sabão estourar... e se espalhar... e espalhando junto com ela aquele meu sopro ingênuo e esperançoso para o mundo. Fui percebendo que a bolinha de sabão era o veículo, a forma redonda que simplesmente carregava as minhas intenções ao mundo. Era o estourar que eu desejava, afinal de contas, se a bolinha não estourar continuará restringindo a minha energia empenhada dentro dela mesma. Assim são os sonhos. Um sonho não se acaba... ele se transforma, realiza a energia empenhada e a expõe ao mundo. Hoje me vejo como a criança que descobre que seu real desejo é o estourar da bolinha. Que "O sonho" se transforme em realidade então. O que eu quero mesmo é estourar todos os meus sonhos.
Thiago Moraes