domingo, 6 de maio de 2012

Sonhos de sabão



Às vezes penso que os sonhos são como bolinhas de sabão. Criados por um sopro de esperança vindo dos ingênuos pulmões de uma criança que desconhece a dor daqueles que se arriscam. Assim como as crianças olham para as bolinhas de sabão eu olho para os sonhos. Em câmera lenta elas parecem subir cada vez mais alto, e de tão frágeis que são, sobem cada vez mais lentas. É possível prolongar os sonhos, como as crianças fazem ao observar aquelas bolinhas de sabão. São encantadas é verdade, observá-las demais pode fazer com que cresça a expectativa de que as mesmas não estourem, afinal de contas é bonito ver as bolinhas brilharem um arco-íris dentro delas. Ainda assim elas estouram. Acabou o sonho? Eu costumava ficar triste quando as bolinhas de sabão estouravam. Mas com o passar dos anos fui percebendo um fenômeno interessante ocorrendo dentro de mim. Cada vez que eu criava uma nova bolinha de sabão, frágil e colorida, criava-se também, no meu ser mais profundo, a ânsia pelo fim que viria; agora o que eu queria mesmo era ver a bolinha de sabão estourar... e se espalhar... e espalhando junto com ela aquele meu sopro ingênuo e esperançoso para o mundo. Fui percebendo que a bolinha de sabão era o veículo, a forma redonda que simplesmente carregava as minhas intenções ao mundo. Era o estourar que eu desejava, afinal de contas, se a bolinha não estourar continuará restringindo a minha energia empenhada dentro dela mesma. Assim são os sonhos. Um sonho não se acaba... ele se transforma, realiza a energia empenhada e a expõe ao mundo. Hoje me vejo como a criança que descobre que seu real desejo é o estourar da bolinha. Que "O sonho" se transforme em realidade então. O que eu quero mesmo é estourar todos os meus sonhos.

Thiago Moraes 
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