quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Pensamento do dia: Vem que a minha sardinha é mais gostosa

Saudações a todos os insanos que me lêem…hoje logo cedo (nem tanto) liguei meu computador e acessei o meu twitter e lá havia uma mensagem de um site/portal de psicologia desejando-me um “feliz ano novo… e em 2010 diga não ao ato médico, a luta continua”.

… logo me passou pela cabeça: que forma de desejar felicidades não?! Parece mais com os famosos cartões políticos de fim de ano: “felicidades e ano que vem conto com vc na urna”…enfim, logo me veio à cabeça: engraçado, toda profissão tem seu “ATO” e todas são “contra” a aprovação do “ato médico”, pensamento do dia: vem que a minha sardinha é mais gostosa.(!?!?)

Então decidi pesquisar pela net pra ver o que de novo há sobre tal ato e tentar ver quais são os principais questionamentos sobre o mesmo. Logo me detive em 2 pontos muito debatidos do ato médico:

Art. 4º – São atividades privativas do médico:

I – Formulação do diagnóstico nosológico e respectiva prescrição terapêutica;

§ 2º Não são privativos dos médicos os diagnósticos psicológico, nutricional e socioambiental e as avaliações comportamental e das capacidades mental, sensorial e perceptocognitiva e psicomotora.

Uns vêem contradição entre as duas citações acima; eu vejo complementaridade.

E (tcharam!) eis que eu percebo a principal polêmica em torno da aprovação do ATO médico: a interpretação!

O Conselho Federal de Medicina formulou um texto que discute um pouco sobre essa polêmica “diagnóstica”, decidi compartilhar aqui no blog uma parte do mesmo:

II) Nem todo diagnóstico é diagnóstico médico

O argumento mais comumente utilizado por algumas profissões que se contrapõem ao projeto de lei do Ato Médico é o que diz ser este projeto prejudicial à sociedade ao considerar o diagnóstico das doenças uma prerrogativa específica dos médicos. Em primeiro lugar, é necessário divulgar que nenhuma das outras profissões da área de saúde, à exceção da Odontologia, possui a prerrogativa de diagnosticar doenças. Todas as demais, em suas leis, participam da assistência à saúde de modo e maneira bem específicos, sem qualquer referência ao diagnóstico de doenças. Cada profissão detém suas possibilidades diagnósticas definidas na legislação que as instituiu. E isso se conservará intocado, mesmo com a aprovação da lei dos médicos.


Em segundo lugar, é preciso diferenciar o que seja o reconhecimento de um estado doentio e o diagnosticar doenças, com o sentido estrito de diagnóstico médico. Tome-se, por exemplo, uma avó de uma grande família. Por sua experiência e por já ter visto diversas situações anteriores, algumas delas confirmadas por médicos, ao se defrontar com um neto apresentando febre alta, tosse com catarro purulento, dor no peito e prostração, ela, por certo, será capaz de identificar uma possível pneumonia – o que simplesmente explicita o reconhecimento de um estado mórbido. Do ponto de vista profissional, diagnosticar implica possuir competência técnico-científica para proceder ao diagnóstico diferencial entre os diversos tipos de pneumonias, bem como as demais infecções respiratórias, e prescrever o tratamento de modo profissional, como uma modalidade de trabalho social reconhecido e autorizado. Este ato implica efetivo conhecimento da fisiopatologia, capacidade de realizar exames comprobatórios e profundo saber em farmacologia para proceder ao tratamento adequado, além de conhecimento científico para, frente a uma intercorrência, adotar as necessárias alterações de conduta que o caso possa exigir. E ter autorização legal para exercer aquela atividade profissionalmente.


O diagnóstico médico, procedimento profissional típico da Medicina, não deve ser confundido com outras modalidades de atividade diagnóstica de outras profissões (que podem ou não ser compartilhadas com os médicos), como o diagnóstico fisiológico, o diagnostico psicológico ou qualquer outra modalidade de diagnóstico que a lei atribua a outra profissão.


Diagnóstico fisiológico ou funcional consiste na identificação do rendimento de uma estrutura ou função somática. Diagnóstico psicológico ou psicodiagnóstico corresponde ao diagnóstico funcional no terreno da conduta e do psiquismo. Permite identificar traços ou tipos de personalidade ou características de conduta de alguém. Nenhum destes casos envolve o diagnóstico de doenças.

Minha opinião?

Com certeza existem erros. Com certeza existem acertos. Com certeza a discussão é válida, mas somente para que se chegue a um denominador comum , que satisfaça de alguma forma a todas as diferenças e à sua maior vítima: o povo.

O que me intriga mesmo é tanta polemização em torno de um ato que regulamenta a profissão médica. Não vejo como radicalismos possam solucionar esse problema, a começar pelo próprio slogan “Não ao ato médico“; é muito mais extremo do que sua justificativa. É negar TODA a regulamentação de uma profissão milenar, afinal de contas, as palavras têm força!

Tanta polemização extremista em defesa da sociedade? Do SUS? Ou seria o extremismo a alegoria adotada pra gritar o não dito? Vai saber né, só sei que para mim extremismos cheiram a egos feridos!

…Aaah já ia esquecendo, FELIZ ANO NOVO a todos, 2010 realizações para todos no ano que está chegando e muito sucesso.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

De cara nova

Olá a todos que acompanham o Sanidade inSana, entra no ar a versão 2010 do blog. Optei por dar um ar mais limpo e mais leve ao blog que considero mais agradável de apreciar. Como grande novidade entram as barras de menu lá em cima, o que direciona e facilita o passeio pelo blog tornando a navegação mais objetiva. Tal etapa encontra-se ainda em construção, pretendo colocar mais menus e ampliar os submenus...mas tudo sem pressa pra não comer cru!
;)

É isso, espero que tenham gostado. Agora que estou de férias provavelmente o blog torne-se mais dinâmico!

Abraços inSanos a todos!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Portal de blogs "TUDO GLOBAL"

O "tudo global" é um portal de notícias e agregador de blogs alagoanos que entrou no ar há um certo tempo e já está fazendo sucesso. É uma excelente forma de manter-se atualizado sobre as notícias de Alagoas, do país e do mundo.
Visite o Tudo Global!
Aproveite também para conferir o Sanidade inSana no portal dos blogs.

sábado, 28 de novembro de 2009

Lua de fel (Bitter moon)




Um mar calmo, em diminutas ondas vacilantes, rasteja sob um céu escuro, nublado e gélido, avistado pela moldura ovalada e dourada de uma janela. Assim somos convidados a embarcar a bordo de um cruzeiro com destino a Istambul em uma verdadeira “Lua de fel”. Dirigido por Roman Polanski (polêmico diretor francês premiado com um Oscar em 2002 pelo filme “O pianista”) “Lua de fel” configura entre os mais amargos filmes sobre o amor, as obsessões e a sexualidade humana.

Logo de início somos apresentados a Nigel e Fiona, um simpático e apático casal britânico, interpretado por Hugh Grant e Kristin Scott Thomas, que, de forma contida, tenta mostrar-se empolgado com aquela que seria a sua segunda “lua de mel”, após 7 anos de casados, a caminho da Bombain, na Índia. Uma espécie de “terapia marital”. O casal britânico, então, conhece a sedutora e misteriosa francesa Mimi (interpretada por Emmanuelle Seigner) e seu marido, o paraplégico de humor cáustico, Oscar (papel de Peter Coyote). Ao perceber o desejo que Mimi havia despertado em Nigel, o americano Oscar decide oferecer-lhe a chance de conquistar sua mulher, contando-lhe seus segredos, na ânsia de vivenciar o momento em que sua esposa seria seduzida por aquele homem que ele havia escolhido; mas em troca, Nigel teria que se comportar como um bom ouvinte e exercitar sua capacidade de empatia ao vivenciar toda dramatização em torno da história do casal.

Oscar e Mimi passam a viver um tórrido relacionamento, uma bela combinação do frescor e inocência de um amor juvenil, vivem de dias inseparáveis e de noites insaciáveis.Sentem juntos uma certeza cega, delirante, de que esse amor lhes era suficiente na vida e passam a viver apenas um para o outro, sem emprego, sem amigos, isolados em um apartamento, alimentando-se de desejo e prazer numa fusão representada pelo ato de Mimi ao derramar leite em seu próprio corpo, atraindo Oscar a saboreá-lo, com o ímpeto de uma criança faminta, sugando o sustento que brotara de seus seios.

Entretanto, fica evidente que algo falta ao casal que se consome cada vez mais em atos perversos na tentativa de temperar o seu amor. Seria essa uma forma de compensar a falta de afeto na relação? Onde está o carinho e o romantismo do amor outrora fresco e juvenil? Tal frustração de um amor não realizado, de forma inconsciente, revela-se em comportamentos agressivos. Mimi tem a navalha nas mãos e a carne de Oscar à sua disposição. A chaga na relação está feita e Mimi já bebe da hemorragia da emoção. O casal passa a representar o predomínio da pulsão de morte, no eterno conflito com a pulsão de vida, em que os dois ficam esmagados na luta que se estabelece entre a construção e a desconstrução de seu relacionamento, assim como disse Freud, a pulsão de morte é, portanto, “a pulsão por excelência, pois tende à redução absoluta das tensões internas, impelindo o ser vivo a retornar a um estado que, pela ausência de tensões, só poderia ser o estado inorgânico".Nesse momento Roman Polanski adentra o mundo das perversões sexuais e às práticas sado-masoquistas do casal.


O casal se desgasta; para Oscar a relação está por um fio, sente-se sufocado, necessita de liberdade, de variedade e então recorre a uma agência de prostituição, a mesma propagada no anúncio do ônibus 96. Sente pena de Mimi ao seu lado, em erupção, entregue e totalmente dependente daquele homem que beijava seus lábios como quem amassara um cigarro num cinzeiro. Mimi não aguenta a dor crônica de viver no vazio que era sua vida sem Oscar e em um ato impulsivo, como que se auto-multilasse, joga-se aos pés de seu amado, num esforço frenético para evitar a dor de um abandono real, disposta a viver com ele de qualquer forma suportando gritos, agressões e traições. Oscar vê aí a oportunidade perfeita para revelar seus traços sadistas, numa alternância entre extremos de idealização e desvalorização, transforma a vida de Mimi em um inferno mais quente do que ela poderia suportar.

Um dos momentos mais cruéis do filme é sem dúvidas quando Mimi recebe um convite tentador de Oscar, uma viagem para bem longe, uma oportunidade de um recomeço. Deitada ali num leito de hospital, ela ouve essa proposta como se estivera repousando no ninho da fênix, pronta para renascer das cinzas. Tratava-se apenas de um plano. Maquiavélico, Oscar arquitetou o projeto perfeito para se livrar dela e a abandona, fria e impiedosamente, sozinha num avião com destino a Martinica: “Para ela, deve ter sido um veneno. Para mim foi doce como um pêssego”.

Anos mais tarde Oscar é atropelado e vai parar num leito de hospital apenas com uma concussão e uma fratura no fêmur. Numa reviravolta surpreendente Mimi entra no quarto do hospital onde ele estava internado e relembrando o gesto que sacramentou o ciclo da relação num parque de diversões puxa-o do leito e derruba-o no chão. Na queda ela deixara-o paralisado da cintura para baixo, mas havia uma notícia ainda pior: “de hoje em diante, eu vou cuidar de você”, disse Mimi. Polanski nos faz sentir, então, toda a força do rancor e ressentimento de Mimi que nos mostra tudo o que uma mulher, cujo amor se converte em desejo de vingança, é capaz. Há agora uma inversão de papéis, levando Oscar a se sentir humilhado. E, como que numa comunhão entre o sádico e o masoquista, resolvem se unir pelos laços do matrimônio: “Sabíamos que não alcançaríamos os mesmos extremos de paixão e de crueldade com ninguém mais.”

Qual seria, de fato, a intenção do casal Oscar e Mimi a bordo desse transatlântico? Teria tudo sido um mero acontecimento casual dos fatos? Ou, como diria Jung, teria sido uma “coicidência significativa”? Na qual os acontecimentos se relacionam não por relação causal e sim por relação de significado. Sendo assim, os encontros e desencontros não teriam sido uma simples coincidência, pois não ocorreram baseados somente na aleatoriedade das circunstâncias, mas sim num padrão subjacente ou dinâmico expresso através de eventos ou relações significativos. Fica-nos a impressão de ter sido tudo um complô muito bem formulado pelo casal. Desde o encontro aparentemente casual, de Fiona com Mimi no banheiro do navio, até o envolvimento gradual de Nigel promovido pela narrativa de Oscar e postura sedutora e misteriosa da francesa. Oscar demonstra-se um marido que quer mais uma vez “sentir”. Parece desejar conquistar mais uma vez sua esposa, utilizando-se de outro homem para isso, como que na esperança de concretizar mais uma vez a emoção inicial de penetrar na alma de Mimi, buscando um novo começo, assim como o ano que está para chegar. Para tanto, envolve e deixa-se envolver por Nigel, na expectativa de surpreender e ser surpreendido, de perceber que aquela mulher ainda não se mostrou por inteiro a ele, de ver que ainda há mais de Mimi na própria Mimi do que Oscar, assim como demonstrado a Nigel, poderia possuir. Espera, talvez, sentir a emoção de ter o real poder sobre aquilo que considera possuído e saturado, buscando ainda uma gota de sangue da hemorragia já estancada.

O casal Mimi e Oscar revela necessidade de se compreender e ser compreendido, fazendo com que, numa demonstração de auto-piedade, Nigel e Fiona sintam um pouco da sua dor. Corroborando o ciclo vivido de desejo, satisfação, frustração, violência, remorso e culpa. Seria essa a grande motivação de todo o jogo? Teriam eles incorporado a altruística missão de prevenir a ruína de outro casal que, como eles um dia, havia chegado ao auge de seu relacionamento? Mostrando-lhes toda dor, humilhação, submissão, aprisionamento e possessão presentes na face obscura de um nobre e almejado sentimento chamado amor. Ou seria essa a oportunidade do casal promover sua catarse, purificando suas almas por meio da descarga emocional provocada pelo drama? Enfim, como diria Charles Chaplin “Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação.”


Thiago Moraes

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Hipnose: a pá que cava tesouros escondidos

A maioria das pessoas já ouviu falar de hipnose, mas poucas sabem realmente do que se trata. Você pode já ter assistido a um programa de televisão em que alguém era hipnotizado e comia uma cebola sentindo o sabor de uma maçã, ou alguma outra demonstração similar. Tais indivíduos podem até dominar determinadas técnicas, mas carecem de senso ético. A hipnose é um fenômeno que demonstra que nossas capacidades vão muito além do que estamos acostumados a experimentar no cotidiano; através dela podemos trazer à tona recursos internos que não acessamos normalmente. Utilizá-la em demonstrações fúteis, sensacionalistas, sem um fim relevante, é utilizá-la de forma leviana.

Para nós, psicólogos, o uso da hipnose é aprovado e regulamentado pela Resolução CFP Nº 013/00 de 20 de Dezembro de 2000, como um recurso terapêutico auxiliar. É importante para as pessoas que buscam ajuda profissional assegurar-se de que o escolhido é habilitado, informar-se e, se necessário, denunciar aos órgãos responsáveis. Mas o que é, afinal, a hipnose?

Podemos conceituá-la como um estado alternativo de consciência, atenção e percepção, “no qual as limitações que uma pessoa tem, no que diz respeito à sua estrutura comum de referências e crenças, ficam temporariamente alteradas, de modo que a pessoa se torna receptiva aos padrões, às associações e aos moldes de funcionamento que conduzem à solução de problemas”, de acordo com Milton Erickson, o criador da hipnose moderna. Hipnose moderna? E como é isso?

A forma mais conhecida de hipnose, inclusive devido aos programas de televisão anteriormente citados, é aquela a qual chamamos de clássica: o sujeito permanece numa posição passiva, na qual é submetido diretamente às sugestões do hipnotizador, que determina “como”, “quando” e “o quê” ele experimenta. O mesmo padrão de tratamento, com as mesmas sugestões é aplicado a todos os indivíduos com aquele diagnóstico de “depressão”, “fobia”, “tabagismo”, etc.

Milton Erickson (1901 – 1980) criou novas formas de utilizar a hipnose, proporcionando um transe natural no qual o foco de atenção é interior. A hipnoterapia ericksoniana é um procedimento individualizado, ou seja, feito sob medida para aquela pessoa, naquele momento. Não tratamos “a depressão” mas sim aquele indivíduo, que vivencia aquelas dificuldades, do seu jeito particular e vai participando ativamente do processo, que não é determinado pelo terapeuta, mas orientado no sentido de facilitar que o mesmo entre em contato com seus recursos inconscientes que podem levá-lo à solução de suas dificuldades.

O uso do termo “terapeuta” no lugar de “hipnotizador” atenta para o fato de que somos profissionais de saúde, portanto, nosso objetivo é sempre proporcionar bem-estar e melhorar a qualidade de vida das pessoas. A hipnose é ainda temida por muitos devido a idéias equivocadas tais como “a pessoa fica inconsciente e é controlada”; “a pessoa conta todos os seus segredos”; “a pessoa pode não voltar mais”. Na verdade, no estado de transe hipnótico não perdemos a consciência e não fazemos nada que não queiramos fazer; as sugestões podem ser aceitas ou não. E é impossível não voltar do transe; no máximo, podemos dormir e depois acordar normalmente. Além desses, há muitos outros mitos que podemos ir esclarecendo aos poucos.

Por ora, apresentamos a hipnose como um recurso facilitador, que acelera o processo terapêutico e pode trazer resultados fantásticos se bem utilizada. Amplas são as suas possibilidades de aplicação, abrangendo os mais diversos problemas de saúde e situações de vida, tais como estresse, transtornos alimentares, ansiedade, depressão, fobias, pânico, problemas de pele, disfunções sexuais, distúrbios do sono, dor, luto, baixa autoestima, timidez, entre tantos outros. O tesouro guardado todos nós temos. Mas para encontrá-lo é preciso pegar uma pá e cavar.

Camila Sousa de Almeida

Publicado no Portal Sergipe Saúde:

http://www.sergipesaude.com.br/artigo.php?op=36

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Crônica da Loucura

Crônica da Loucura
Luis Fernando Veríssimo

O melhor da Terapia é ficar observando os meus colegas loucos. Existem dois tipos de loucos. O louco propriamente dito e o que cuida do louco: o analista, o terapeuta, o psicólogo e o psiquiatra. Sim, somente um louco pode se dispor a ouvir a loucura de seis ou sete outros loucos todos os dias, meses, anos. Se não era louco, ficou.

Durante quarenta anos, passei longe deles. Pronto, acabei diante de um louco, contando as minhas loucuras acumuladas. Confesso, como louco confesso, que estou adorando estar louco semanal.

O melhor da terapia é chegar antes, alguns minutos e ficar observando os meus colegas loucos na sala de espera. Onde faço a minha terapia é uma casa grande com oito loucos analistas. Portanto, a sala de espera sempre tem três ou quatro ali, ansiosos, pensando na loucura que vão dizer dali a pouco.

Ninguém olha para ninguém. O silêncio é uma loucura. E eu, como escritor, adoro observar pessoas, imaginar os nomes, a profissão, quantos filhos têm, se são rotarianos ou leoninos, corintianos ou palmeirenses.

Acho que todo escritor gosta desse brinquedo, no mínimo, criativo. E a sala de espera de um "consultório médico", como diz a atendente absolutamente normal (apenas uma pessoa normal lê tanto Paulo Coelho como ela), é um prato cheio para um louco escritor como eu. Senão, vejamos:

Na última quarta-feira, estávamos:
1. Eu
2. Um crioulinho muito bem vestido,
3. Um senhor de uns cinqüenta anos e
4. Uma velha gorda.

Comecei, é claro, imediatamente a imaginar qual seria o problema de cada um deles. Não foi difícil, porque eu já partia do principio que todos eram loucos, como eu. Senão, não estariam ali, tão cabisbaixos e ensimesmados.

(2) O pretinho, por exemplo. Claro que a cor, num país racista como o nosso, deve ter contribuído muito para levá-lo até aquela poltrona de vime. Deve gostar de uma branca, e os pais dela não aprovam o namoro e não conseguiu entrar como sócio do "Harmonia do Samba"? Notei que o tênis estava um pouco velho. Problema de ascensão social, com certeza. O olhar dele era triste, cansado. Comecei a ficar com pena dele. Depois notei que ele trazia uma mala. Podia ser o corpo da namorada esquartejada lá dentro. Talvez apenas a cabeça. Devia ser um assassino, ou suicida, no mínimo. Podia ter também uma arma lá dentro. Podia ser perigoso. Afastei-me um pouco dele no sofá. Ele dava olhadas furtivas para dentro da mala assassina.

(3)E o senhor de terno preto, gravata, meias e sapatos também pretos? Como ele estava sofrendo, coitado. Ele disfarçava, mas notei que tinha um pequeno tique no olho esquerdo. Corno, na certa. E manso. Corno manso sempre tem tiques. Já notaram? Observo as mãos. Roía as unhas. Insegurança total, medo de viver. Filho drogado? Bem provável. Como era infeliz esse meu personagem. Uma hora tirou o lenço e eu já estava esperando as lágrimas quando ele assoou o nariz violentamente, interrompendo o Paulo Coelho da outra. Faltava um botão na camisa. Claro, abandonado pela esposa. Devia morar num flat, pagar caro, devia ter dívidas astronômicas. Homossexual? Acho que não. Ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles. Tingido.

(4) Mas a melhor, a mais doida, era a louca gorda e baixinha. Que bunda imensa. Como sofria, meu Deus. Bastava olhar no rosto dela. Não devia fazer amor há mais de trinta anos. Será que se masturbaria? Será que era esse o problema dela? Uma velha masturbadora? Não! Tirou um terço da bolsa e começou a rezar. Meu Deus, o caso é mais grave do que eu pensava. Estava no quinto cigarro em dez minutos. Tensa. Coitada. O que deve ser dos filhos dela? Acho que os filhos não comem a macarronada dela há dezenas e dezenas de domingos. Tinha cara também de quem mentia para o analista. Minha mãe rezaria uma Salve-Rainha por ela, se a conhecesse.

Acabou o meu tempo. Tenho que ir conversar com o meu psicanalista.

Conto para ele a minha "viagem" na sala de espera.

Ele ri... Ri muito, o meu psicanalista, e diz:

- O Ditinho é o nosso office-boy.

- O de terno preto é representante de um laboratório multinacional de remédios lá no Ipiranga e passa aqui uma vez por mês com as novidades.

- E a gordinha é a Dona Dirce, a minha mãe.

- "E você, não vai ter alta tão cedo..."

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Relação médico-paciente : companheiros de viagem

Esta é a história de dois renomados curandeiros, que viveram em tempos bíblicos. Embora ambos fossem altamente eficientes, eles trabalhavam de maneiras diferentes. O curandeiro mais jovem, Joseph, curava através de uma escuta silenciosa, inspirada. Os peregrinos confiavam em Joseph. Sofrimento e ansiedade despejados em seus ouvidos desapareciam como água na areia do deserto, e os penitentes saíam de sua presença leves e calmos. Por outro lado, Dion, o curandeiro mais velho, confrontava ativamente aqueles que buscavam sua ajuda. Ele adivinhava os pecados inconfessos deles. Era um grande juiz que punia, repreendia e retificava, e que curava por meio de uma intervenção ativa. Tratando os penitentes como crianças, ele dava conselhos, punia com a determinação da penitência, ordenava peregrinações e casamentos, e obrigava os inimigos a fazerem as pazes.

Os dois curandeiros nunca se encontraram e trabalharam como rivais durante muitos anos, até que Joseph se tornou cada vez mais doente espiritualmente, caiu em melancólico desespero e foi assaltado por idéias de autodestruição. Incapaz de curar a si mesmo com os próprios métodos terapêuticos, ele partiu numa jornada rumo ao sul para buscar ajuda de Dion.

Em sua peregrinação, Joseph descansou uma noite num oásis, onde travou uma conversa com um viajante mais velho. Quando Joseph descreveu a finalidade e o destino de sua peregrinação, o viajante se ofereceu como guia para ajudá-lo na busca por Dion. Mais tarde, em meio à sua longa jornada juntos, o velho viajante revelou sua identidade a Joseph. Mirabile dictu: ele próprio era Dion — exatamente o homem que Joseph procurava.

Sem hesitação, Dion convidou seu mais jovem e desesperado rival à sua casa, onde viveram e trabalharam juntos por muitos anos. Dion pediu inicialmente que Joseph fosse um empregado. Mais tarde, ele o promoveu a estudante e, finalmente, a colega.. Anos depois, Dion caiu doente e, em seu leito de morte, chamou seu jovem colega para que ouvisse uma confissão. Falou da antiga e terrível doença de Joseph e de sua jornada até o velho Dion para implorar ajuda. Falou sobre como Joseph tinha sentido que fora um milagre que seu companheiro de viagem e guia se revelasse ser o próprio Dion.

Agora que estava morrendo, tinha chegado a hora, disse Dion a Joseph, de quebrar seu silêncio sobre aquele milagre. Dion confessou que, naquela época, o encontro tinha lhe parecido um milagre, pois ele também tinha caído em desespero. Ele também sentia-se vazio e espiritualmente morto, e, incapaz de se ajudar, havia partido numa jornada em busca de ajuda. Naquela mesma noite em que eles tinham se conhecido no oásis, ele estava numa peregrinação em busca de um curandeiro famoso chamado Joseph.

sábado, 29 de agosto de 2009

Fobia social


Não é só timidez – é muito pior. É um transtorno de ansiedade, um medo monstruoso de ser criticado ou ridicularizado. Quem tem fobia social sempre acha que fez, faz e fará tudo errado. É um mal crônico, que atinge de 10% a 15% da população do mundo ( uma estatística semelhante ao número de diabéticos ), com consequências como depressão, uso de álcool e drogas. Como detesta se expor, a pessoa vai acumulando prejuízos de todo tipo.

"A pessoa que tem fobia social apresenta uma coisa que chamamos de ansiedade antecipatória. Por exemplo, se tem que fazer um seminário ou conversar com o vendedor em uma compra, ela acaba ficando ansiosa antes de ir conversar com essas pessoas e acaba evitando essa situação", esclarece o professor de psiquiatria José Alexandre Crippa, da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto.

"A maior parte das pessoas nem sabe que isso é um transtorno e que tem tratamento. Acham que é um traço de personalidade, uma manha, um jeito de ser, e ficam sofrendo sozinhas", diz o professor José Alexandre Crippa.

Localizada na região das têmporas, a área do cérebro que processa as emoções é a amídala. Os exames mostram que quanto maior é a ansiedade, maior o tamanho da amídala. E mais: quanto menor for o cíngulo anterior, a parte do cérebro relacionada ao julgamento, pior a autoavaliação da pessoa em situações sociais. "A fobia social tem pelo menos um componente orgânico muito claro", afirma Jaime Hallak.

Não importa a intensidade do transtorno, é preciso buscar tratamento. "A primeira medida é procurar um profissional – um psicólogo ou um psiquiatra – para fazer um diagnóstico correto. E a partir daí fazer um tratamento adequado para cada caso", orienta José Alexandre Crippa.


Teste Mini-SPIN*

Indique quanto os seguintes problemas incomodaram você durante a última semana. Escolha semente um item para cada problema e verifique se você respondeu a todos os itens.

1 – Evito fazer coisas ou falar com certas pessoas por medo de ficar envergonhado.

2 – Evito atividades nas quais sou o centro das atenções.

3 – Ficar envergonhado ou parecer bobo são os meus maiores temores.

Confira o valor das respostas:

Nada = 0
Um pouco = 1
Moderadamente = 2
Bastante = 3
Extremamente = 4

Resultado:

Uma contagem igual ou superior a 7 representa provável diagnóstico de fobia social.

*Sigla em inglês para Mini-Inventário de Fobia Social. Este teste foi padronizado para a população brasileira pelos médicos José Alexandre Crippa, Flávia de Lima Osório e Sonia Regina Loureiro, do Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Dependência de internet

Pessoas com problemas emocionais buscam refúgio na web e acabam caindo na armadilha do vício

Com o aparecimento da Internet como um novo instrumento de comunicação e o seu acesso cada vez mais presente em todas as classes sociais, profissionais e faixas etárias, relatos de comportamentos patológicos de dependência à Internet constituem temas frequentes da literatura médica atual e também, com grande destaque, na mídia popular.

A possibilidade comunicacional é, então, uma característica da Internet que pode tornar os indivíduos mais susceptíveis a uma utilização compulsiva da mesma. Uma das razões para este fato refere-se à utilização da Internet como fonte de suporte social. No ciberespaço desaparecem as convenções sociais havendo, num conhecimento inicial, um envolvimento fácil na vida de pessoas que não se conhece. Além disto, porque a identidade está mascarada, cria-se uma sensação de liberdade para exprimir opiniões controversas sem medo de rejeição, confrontação ou julgamento. Deste modo, o uso da Internet surge como uma alternativa para desenvolver bases sociais que não estão presentes nos ambientes imediatos do indivíduo.

A– Conceito

A Dependência da Internet manifesta-se como uma inabilidade do indivíduo em controlar o uso e o envolvimento crescente com a Internet e com os assuntos afins, que por sua vez conduzem a uma perda progressiva de controle e aumento do desconforto emocional.

Com efeitos sociais significativamente negativos, os indivíduos que despendem horas excessivas na Internet, tendem a utilizá-la como meios primários de aliviar a tensão e a depressão, apresentam a perda do sono em conseqüência do incitamento causado pela estimulação psicológica e a desenvolver problemas em suas relações interpessoais.

Além disso, os dependentes usam a rede como uma ferramenta social e de comunicação, pois têm uma experiência maior de prazer e de satisfação quando estão on-line, podendo este ser um fator preditor para a dependência. Nesta vertente, alguns estudos consideram a sensação subjetiva de busca e/ou a auto-estima rebaixada, timidez, baixa confiança em si mesmo e baixa pró-atividade como outros fatores preditores para o uso abusivo da Internet.

B - Critérios de dependência de Internet

Apresentar, pelo menos, 5 dos 8 critérios abaixo descritos:

(1) Preocupação excessiva com a Internet
(2) Necessidade de aumentar o tempo conectado (on-line) para ter a mesma satisfação
(3) Exibe esforços repetidos para diminuir o tempo de uso da Internet
(4) Irritabilidade e/ou depressão
(5) Quando o uso da Internet é restringido, apresenta labilidade emocional (Internet como forma de regulação emocional)
(6) Permanece mais conectado (on-line) do que o programado
(7) Trabalho e as relações sociais ficam em risco pelo uso excessivo
(8) Mente aos outros a respeito da quantidade de horas conectadas

C – Tipos de Dependência

E-mails, chats (salas de bate-papo), jogos on-line, compras, sites com conteúdo especifico (eróticos, de relacionamento, bolsa da valores, busca de informações e etc).


Ajudas

Você é um dependente de Internet?
[ clique aqui e faça seu teste ]

O serviço de apoio da PUC-SP, atende pelo endereço nppi@pucsp.br

Mais informações

http://dependenciadeinternet.com.br

http://www.polbr.med.br/arquivo/dpnet.htm

http://dependencia-internet.tripod.com/index.html

Veja abaixo reportagem sobre a dependência de internet


terça-feira, 14 de julho de 2009

Humor significa liberdade


O louco estava no hospício, escrevendo uma carta, e o psiquiatra, que estava perto perguntou:
– Você está escrevendo para quem?
– Para mim mesmo.
– E o que a carta diz?
– Não sei, ainda não recebi!

Nesta clássica piada, a loucura ilustra a sabedoria de incorporar diferentes perspectivas. Ele age ora como o remetente-escritor, ora como o destinatário-leitor. Sentimos que a loucura é engraçada e de fato soltamos até gargalhadas quando presenciamos situações de alternância abrupta de perspectivas e de quebra de solidez. Rimos quando presenciamos a liberdade! É como se as ações livres provocassem o riso como um súbito reconhecimento de nossa condição natural – desobstruída, leve, alegre e relaxada. A gargalhada seria uma espécie de concordância espontânea com nossa liberdade inata: “Sim, sim, assim é, assim é!”.

Gustavo Gitti

http://nao2nao1.com.br/

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Pergunte ao Peão - Dúvidas sobre SEXO



Tire todas as suas dúvidas sobre sexo com esse vídeo do programa pânico, onde quem responde é quem mais sabe do assunto: o POVO.
...é como dizem né, "a voz do povo é a voz de Deus"!
Hilário!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Você sabe o que é esquizofrenia?



Reportagem do fantástico sobre a esquizofrenia, feita com a participação do ator Bruno Gagliasso em um instituto psiquiatrico no Rio de Janeiro. Veja o vídeo e conheça algumas histórias e um pouco mais da realidade dos pacientes e hospitais psiquiátricos.

Ericksonianamente Recomendado

Está no "ar" desde sexta-feira, 3 de julho, o blog ericksonianamente. Idealizado por uma grande contribuinte do Sanidade inSana, Camila ( a musa rsrsrs).

O blog se propõe a, nas palavras da mesma:

"divulgar e informar sobre a Psicoterapia Breve Estratégica desenvolvida por Milton Hyland Erickson. Trata-se de uma abordagem da Psicologia que aplica, em suas práticas, o pressuposto de que cada ser humano é único. Portanto, a terapia é feita sob medida para cada cliente, respeitando sua visão de mundo e utilizando os diversos recursos que carrega consigo. (...) Uma das ferramentas que nós, ericksonianos, temos à disposição para ajudar o cliente a trazer à tona recursos que ele já tem e que não estão sendo utilizados é a hipnose. Ela é um catalisador da terapia: facilita e acelera o processo; além de proporcionar um momento muito gostoso de contato consigo mesmo"

O Ericksonianamente pretende, ainda, promover uma desmistificação da hipnose, tão erroneamente estigmatizada devido, principalmente, a falta de informação sobre o método. Quem já conhece a psicoterapia ericksoniana sabe o bem que a mesma é capaz, quem ainda não conhece fica aqui a dica!

Visitem o blog e conheçam mais sobre o assunto:

http://ericksonianamente.blogspot.com/

Arthur Ramos - 106 anos de obras vivas

Arthur Ramos de Araújo Pereira, nascido na cidade de Pilar – Alagoas em sete de julho de 1903, foi um dos principais intelectuais de sua época. Teve grande destaque na construção do mito da democracia racial e foi também importante no processo de institucionalização das Ciências Sociais no Brasil.

Foi médico psiquiatra, psicólogo social, etnólogo, folclorista e antropólogo brasileiro e um dos principais intelectuais de sua época. Destacou-se como antropólogo e etnógrafo, tendo publicado entre outras obras: Os horizontes míticos do negro na Bahia, O negro brasileiro, Folclore negro no Brasil, Introdução à antropologia brasileira, A aculturação dos negros no Brasil e Estudos de Folclore. Seus livros são, ainda hoje, fontes de consultas indispensáveis a quem se dedica ao estudo da africanologia.

Fundou a Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnografia, em 1941 e era Chefe do Departamento de Ciências Sociais da UNESCO. Em 1926 defendeu a tese de doutorado denominada "Primitivo e Loucura", recebendo grandes elogios de Sigmund Freud, Paul Eugen Bleuler e Lucien Lévy-Bruhl. Dividida em cinco capítulos, a tese trata de assuntos como: esquizofrenia, paranóia, distúrbios psíquicos da linguagem do alienado e do primitivo, além de propor algumas considerações de natureza conclusiva. O tema era relevante na época e muito estudado pelos psiquiatras de Zurique. Durante seu trabalho como médico na Bahia realizou pesquisas que o levaram a redigir sua tese de livre-docência: a Sordície nos alienados. Ainda na Bahia, redigiu importantes obras para a Psicologia como Estudos de Psicanálise (1931), Freud, Adler e Jung (933) e Psiquiatria e Psicanálise(1933).

Mesmo sendo considerado um dos maiores cientistas da humanidade, deixando um legado de mais de seiscentas obras, nunca esqueceu sua terra. Percebe-se isso quando escreveu: "A minha recompensa maior será a de estar ouvindo aquelas vozes queridas que os ventos constantemente me trazem do Pilar distante para a música do meu coração”.

Faleceu em 31 de outubro de 1949 em Paris, ajudando a construir um Plano de Paz para o mundo, ao lado de Bertrand Russel, Jean Piaget, Maria Montessori e Julien Huxley.

Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Ramos

http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932002000400012&lng=pt&nrm=

http://www.arthurramos.com.br/noticias.php

domingo, 28 de junho de 2009

No vazio tudo grita


No vazio: um grito!
Tudo agita
Tudo ensurdece
Tudo emudece

No vazio tudo esquenta
Tudo queima no vento frio
Tudo tem sabor amargo de rancor

No vazio tudo esfria
Tudo treme de calor
Emitido por um sol tomado por avaria
Tudo machuca de dor
Sentida com o desespero do pavor

No vazio a escuridão enfim se revela
Sorrisos fingidos sem cautela
Enchendo de lágrimas a fonte seca do amor

Mas nada agoniza mais o vaso de barro frio
que de forma cerca o vazio...
Nada trinca mais o cálice esguio
Que saber que a lágrima de sangue inebriado de vinho
Vem da certeza que a solidão que te confidencio
É a única entidade que preenche o vazio.


Thiago Moraes
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