quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Relação médico-paciente : companheiros de viagem

Esta é a história de dois renomados curandeiros, que viveram em tempos bíblicos. Embora ambos fossem altamente eficientes, eles trabalhavam de maneiras diferentes. O curandeiro mais jovem, Joseph, curava através de uma escuta silenciosa, inspirada. Os peregrinos confiavam em Joseph. Sofrimento e ansiedade despejados em seus ouvidos desapareciam como água na areia do deserto, e os penitentes saíam de sua presença leves e calmos. Por outro lado, Dion, o curandeiro mais velho, confrontava ativamente aqueles que buscavam sua ajuda. Ele adivinhava os pecados inconfessos deles. Era um grande juiz que punia, repreendia e retificava, e que curava por meio de uma intervenção ativa. Tratando os penitentes como crianças, ele dava conselhos, punia com a determinação da penitência, ordenava peregrinações e casamentos, e obrigava os inimigos a fazerem as pazes.

Os dois curandeiros nunca se encontraram e trabalharam como rivais durante muitos anos, até que Joseph se tornou cada vez mais doente espiritualmente, caiu em melancólico desespero e foi assaltado por idéias de autodestruição. Incapaz de curar a si mesmo com os próprios métodos terapêuticos, ele partiu numa jornada rumo ao sul para buscar ajuda de Dion.

Em sua peregrinação, Joseph descansou uma noite num oásis, onde travou uma conversa com um viajante mais velho. Quando Joseph descreveu a finalidade e o destino de sua peregrinação, o viajante se ofereceu como guia para ajudá-lo na busca por Dion. Mais tarde, em meio à sua longa jornada juntos, o velho viajante revelou sua identidade a Joseph. Mirabile dictu: ele próprio era Dion — exatamente o homem que Joseph procurava.

Sem hesitação, Dion convidou seu mais jovem e desesperado rival à sua casa, onde viveram e trabalharam juntos por muitos anos. Dion pediu inicialmente que Joseph fosse um empregado. Mais tarde, ele o promoveu a estudante e, finalmente, a colega.. Anos depois, Dion caiu doente e, em seu leito de morte, chamou seu jovem colega para que ouvisse uma confissão. Falou da antiga e terrível doença de Joseph e de sua jornada até o velho Dion para implorar ajuda. Falou sobre como Joseph tinha sentido que fora um milagre que seu companheiro de viagem e guia se revelasse ser o próprio Dion.

Agora que estava morrendo, tinha chegado a hora, disse Dion a Joseph, de quebrar seu silêncio sobre aquele milagre. Dion confessou que, naquela época, o encontro tinha lhe parecido um milagre, pois ele também tinha caído em desespero. Ele também sentia-se vazio e espiritualmente morto, e, incapaz de se ajudar, havia partido numa jornada em busca de ajuda. Naquela mesma noite em que eles tinham se conhecido no oásis, ele estava numa peregrinação em busca de um curandeiro famoso chamado Joseph.

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