quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O ESTUDANTE DE MEDICINA E O SEU PROFESSOR


"O estudante chega à faculdade após exame de seleção aleatória e quase nada sabe das suas motivações conscientes e muito menos dos aspectos inconscientes envolvidos na escolha profissional do curso de medicina. Traz os vícios e conceitos do ensino formal do segundo grau e às vezes espera encontrar na uviversidade a mesma maneira de ensinar que lhe foi proporcionada até então. Terá poucas surpresas. Porém, poderá haver um ensino questionador, problemático, em que educador e educando acertam e erram juntos, trocando vivências, problemas e experiências, dialogando sem dominação de uma parte sobre a outra. Isto requer que haja plena liberdade de expressão para criar, construir, destruir e reconstruir, aventurar-se sem opressão e sem medo (um dos ideais universitários).

E acontece o encontro. Lá estão eles: o estudande de medicina e o seu professor.

Existem estudantes e professores inseguros em diversos aspectos diante do exercício da medicina e do ensinar e aprender. Esses rendem mais quando se encontram.

Existem estudantes e professores "seguros" quanto aos temas da medicina e quanto às técnicas do aprendizado. Esses trocam pouco entre si e vivem em um "faz de conta".

Existem vários tipos de professores: novos ou velhos, inquietos ou passivos, cansados ou dispostos. Professores muitas vezes prepotentes e que são, em alguns casos, modelos para o aluno. Professores que não têm formação didática e, mesmo quando a têm, ministram aulas teóricas e práticas por imitação de modelos antigos que os impressionaram anteriormente. Podem ser modelos "bons" ou "maus". Fica a critério de cada um definir.

O estudante pode considerar como modelo bom aquele de quem ele se sinta mais próximo e por quem não se sinta ameaçado. Este, em diversas situações, será o eleito para uma identificação, sem ser necessariamente o "bom" como médico. Acontece também, quando questionador, do professor assustar os alunos (e virse versa). Assim, pode ser rechaçado e com essa rejeição vão por água abaixo todas as suas qualidades. Mas, pode haver identificação, também, com o professor que demonstra poder e sedução. Esse, passará a ser cultuado por alguns grupos de estudantes.

É mais provável que o "bom" professor não negue as dificuldades emocionais que sentiu nas diversas fases do curso médico e identifica-se, dessa forma, mais facilmente com o aluno. Até mesmo quando está diante de alunos que praticam farsas. Afinal, ele também, como ser humano e outrora estudante ou adulto, pode ter se utilizado dessas práticas. Talvez, por isso mesmo, ele seja mais sensível na detecção de situações semelhantes. Diante desse professor, o estudante deve se sentir mais confortável para relatar suas dúvidas, certezas, fracassos, vitórias, farsas e conquistas legítimas. O resultado dessa troca é muito gratificante, mesmo que em alguns momentos doloroso. O colega se sente pouco à vontade para avaliar a farsa do outro. A tendência é que haja uma união, por parte dos alunos entre os alunos e dos professores entre os professores, em uma negação coletiva da farsa contruída pelo outro. Mas, há uma consciência que existiram relatos falsos e verdadeiros. Porém, a mentira ou a verdade não importam tanto. O compartilhar a possiblidade de mentir ou de se está dizendo a verdade é mais proveitoso. Essa possibilidade, geralmente, é uma grande ameaça para a maioria dos professores e alunos. Há uma "fantasma" coletivo chamado "represálias".

Docente "mau" será, em psicologia médica, aquele que não se dá emocionalmente ao estudante (tanto em momentos de alegria como de tristeza, tanto em momentos de prazer como de desprazer). Esse professor sempre estará vigilante para se defender com a onisciência que supõe ter. Pode repetir o modelo de figuras parentais (pais, mães) e, dessa forma, ser o espelho para esse aluno e futuro profissional. Quando o estudante trilha o caminho acadêmico, terá uma probabilidade imensa de seguir esse mesmo caminho. Predominará na relação com o outro a rigidez e a prepotência. Uma relação típica de quem julga saber muito mais que o outro. Não haverá espaços para o relativo. Para essas pessoas, tudo só pode ser absoluto ou falso. O ciclo não termina.

No encontro entre o professor e o aluno sempre haverá espaço para expectativas. De ambas as partes. Mas, o que deve prevalecer é a consciência que não estamos nesse mundo para satisfazer às expectitativas de nenhum ser humano. Ninguém, absolutamente ninguém, além de nós mesmos, é capaz de lutar pela nossa felicidade. Se não o fizermos, nem uma pessoa (por mais que nos ame) buscará a felicidade em nosso lugar. A felicidade é extremamente particular. A de um ser humano pode ser totalmente distinta da de outro. Se nos encontramos com esse outro é muito bonito. É lindo quando as expectativas são alcançadas mutuamente. Caso contrário, pouco há o que se fazer."

por Danilo Perestrello em "A Medicina da Pessoa".

domingo, 5 de outubro de 2008

Hoje é dia de festa! Sinta-se obrigado a participar!



É revoltante ser obrigado a exercer o direito de democracia!
Realmente sem sentido "non"? Obrigação e democracia, até parece poesia barroca devido tal paradoxo. Mas é isso o que acontece e ainda somos obrigados a ver e sofrer com os corruptos, falsos e manipuladores no poder por vários anos... enfim, como disse o Serra, certa vez, "durante todos esses dias fomos nós (políticos) que falamos e hoje é o dia do povo falar".
Como é linda a democracia, como é lindo ver a confusão, gritaria, e impaciência de um povo que é usado, que sabe disso e que infelizmente só tem "voz" poderosa pra meter o dedinho na urna e eleger mais um dos homens que gerarão emprego, arrumarão a saúde pública e acabarão com o analfabetismo!
Fica aqui registrada a minha revolta e o meu desejo de que essa festa da democracia seja ao menos optativa, um dia, porque obrigatória ou não quem sempre vai estar com a cara pintada e com o narizinho vermelho será o povo!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Não se espante se o médico lhe prescrever um filme, além do remédio


Tatiana Pronin
Editora do UOL Ciência e Saúde

Enfrentar uma doença é, na melhor das hipóteses, desagradável. Aprender sobre ela também não é muito empolgante, a não ser que você seja um profissional de saúde com bastante vocação.
A tarefa fica mais fácil quando a lição envolve cenário, maquiagem, trilha sonora, luzes e movimentos de câmera. Talvez por isso seja tão comum médicos e psicoterapeutas indicarem filmes para seus pacientes. Afinal, não é difícil ter pelo menos uma idéia do que é a esquizofrenia depois de assistir ao drama de John Nash, o matemático interpretado por Russell Crowe em "Uma Mente Brilhante". Ou do que é o TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), que aflige o personagem de Jack Nicholson em "Melhor é Impossível". E, até para os médicos, os filmes podem ser ferramentas para reflexões sobre ética e valores.

FILMES QUE OS MÉDICOS INDICAM
Divulgação
Jack Nicholson, em "Melhor é Impossível", que conta de forma bem-humorada como são as manias de quem é vítima do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)
Divulgação
"Óleo de Lorenzo", famoso entre os que se interessam por medicina. Baseado em fatos reais, conta o drama de um casal em busca de uma terapia para a doença do filho
ÁLBUM DE FOTOS: CINEMA E SAÚDE
FILMES TAMBÉM ENSINAM MÉDICOS
ANOREXIA É TEMA DE "MAUS HÁBITOS"
DEPOIS DO CINEMA, VÁ PARA O DIVÃ
CIÊNCIA NAS TELAS É TEMA DE LIVRO
Difundir conhecimento sobre aspectos ligados a saúde e emoções por meio do cinema foi o objetivo de um projeto criado pelo Centro de Estudo e Pesquisas do Hospital Samaritano, em São Paulo, em 2001. Desde então, uma vez por mês, a equipe coordenada pela psiquiatra June Melles Megre escolhe um filme para ser exibido à comunidade, seguido de um debate. Segundo a médica, é uma forma de estimular a reflexão sobre as patologias e o autoconhecimento. "Poderia ser outra forma de arte, mas achamos que o cinema é mais acessível."

Em uma etapa, o hospital exibiu filmes sobre temas ligados a psiquiatria, como o próprio filme sobre Nash, além de "Garota Interrompida" (sobre transtorno de personalidade 'borderline', ou limítrofe) e "O Lenhador" (sobre pedofilia), entre outros. Nos debates sobre sexualidade, um dos escolhidos foi "A Bela da Tarde". E, quando o assunto foi morte, "A Balada de Narayama" foi um dos pontos de partida.

O que importa, diz ela, não é a qualidade do longa-metragem, mas o quanto é possível extrair sobre determinada condição. É o caso de "Refém do Silêncio", estrelado por Michael Douglas, que, apesar dos clichês, é um dos poucos que trata bem a questão do estresse pós-traumático, na opinião da médica.

O filme que teve maior audiência no hospital, aliás, também está longe de ser uma obra-prima: você se lembra de "Encaixotando Helena", em que o médico interpretado por Julian Sands amputa as pernas e os braços de sua amada para cultuá-la? "O ciúme doentio leva a pessoa a tolher a outra; isso acontece na vida real", justifica a médica.

Megre diz que também indica filmes para seus pacientes de consultório. Por exemplo, quando se trata de alguém que está tentando largar a bebida, uma opção pode ser "O Show Deve Continuar", ("All That Jazz", em inglês). O musical, que também foi exibido nos debates sobre a morte do Samaritano, descreve as fases que em geral as pessoas experimentam ao lidar com algum tipo de perda: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação.

Claro que o cinema não tem, necessariamente, compromisso com a verdade, o que envolve riscos quando a idéia é explicar uma patologia para pacientes e familiares. É por isso que os especialistas são unânimes: a conversa depois do filme é imprescindível, para que se separe o joio do trigo, o "colorido" das telas dos fatos reais.

Se não houver orientação, a sugestão pode até atrapalhar, em vez de ajudar. Uma garota com anorexia que assista ao mexicano "Maus Hábitos", atualmente em cartaz, pode encarar a mensagem da personagem doente (uma mulher obcecada por dietas) como um incentivo à recusa em comer. E o simples fato de identificar sua condição nas telas pode gerar um sofrimento que, eventualmente, pode fazer mal ao paciente. "O filme 'Mar Adentro', por exemplo, é belíssimo, mas não é para ser visto a qualquer hora", comenta Megre, referindo-se ao drama de um tetraplégico que luta pelo direito de morrer.

"Filmes sobre doenças, em geral, são feitos a partir de uma pesquisa, mas não há aprofundamento", ressalta, também, a médica de família Priscila Baptistão. Ela cita o clássico "Óleo de Lorenzo" como exemplo de longa que, além de explicar uma doença, revela algo que tem sido cada vez mais comum nos consultórios: "Muitos pacientes fazem pesquisas sobre a doença, nem sempre em fontes confiáveis, e passam a questionar o tratamento", conta.

Na história real que inspirou o filme, o resultado foi positivo: inconformado, o casal mergulha em livros de medicina e acaba colaborando com a descoberta de uma terapia contra a enfermidade do filho. Mas, na maioria dos casos, o profissional tem de convencer os pacientes a tomarem o remédio prescrito, apesar dos efeitos colaterais. Ou explicar que a nova droga, anunciada como panacéia, pode ter efeitos indesejados a longo prazo - como sugere, com os exageros típicos de Hollywood, a ficção "Eu Sou a Lenda" sobre um vírus criado por cientistas para combater o câncer que acaba dizimando a humanidade.

Matéria copiada ( cuspida e escarrada ) de: http://cienciaesaude.uol.com.br/ultnot/2008/08/01/ult4477u872.jhtm

Em homenagem à festa da democracia brasileira...uma piadinha :


Um Deputado está andando tranqüilamente quando é atropelado e morre.

A alma dele chega ao Paraíso e dá de cara com São Pedro na entrada.

-'Bem-vindo ao Paraíso!'; diz São Pedro

-'Antes que você entre, há um probleminha.

Raramente vemos parlamentares por aqui, sabe, então não sabemos bem o que fazer com você.

-'Não vejo problema, é só me deixar entrar', diz o antigo Deputado
-'Eu bem que gostaria, mas tenho ordens superiores. Vamos fazer o seguinte:

Você passa um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Aí, pode escolher onde quer passar a eternidade.

-'Não precisa, já resolvi. Quero ficar no Paraíso diz o Deputado
-'Desculpe, mas temos as nossas regras. '

Assim, São Pedro o acompanha até o elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno.

A porta se abre e ele se vê no meio de um lindo campo de golfe.

Ao fundo o clube onde estão todos os seus amigos e outros políticos com os quais havia trabalhado.

Todos muito felizes em traje social.

Ele é cumprimentado, abraçado e eles começam a falar sobre os bons tempos em que ficaram ricos às custas do povo. Emprestimos do Bradesco; concorrencias ; obras super-faturadas, eleições para o tribunal de contas ; crimes dos adversario etc etc e tal

Jogam uma partida descontraída e depois comem lagosta e caviar.

Quem também está presente é o diabo, um cara muito amigável que passa o tempo todo dançando e contando piadas.

Eles se divertem tanto que, antes que ele perceba, já é hora de ir embora.

Todos se despedem dele com abraços e acenam enquanto o elevador sobe.

Ele sobe, sobe, sobe e porta se abre outra vez. São Pedro está esperando por ele.

Agora é a vez de visitar o Paraíso.

Ele passa 24 horas junto a um grupo de almas contentes que andam de nuvem em nuvem, tocando harpas e cantando.

Tudo vai muito bem e, antes que ele perceba, o dia se acaba e São Pedro retorna.

-' E aí ? Você passou um dia no Inferno e um dia no Paraíso.

Agora escolha a sua casa eterna.' Ele pensa um minuto e responde:

-'Olha, eu nunca pensei .. O Paraíso é muito bom, mas eu acho que vou ficar melhor no Inferno.'

Então São Pedro o leva de volta ao elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno.

A porta abre e ele se vê no meio de um enorme terreno baldio cheio de lixo.

Ele vê todos os amigos com as roupas rasgadas e sujas catando o entulho e colocando em sacos pretos.

O diabo vai ao seu encontro e passa o braço pelo ombro do Deputado.

-' Não estou entendendo', - gagueja o Deputado - 'Ontem mesmo eu estive aqui e havia um campo de golfe, um clube, lagosta, caviar, e nós dançamos e nos divertimos o tempo todo. Agora só vejo esse fim de mundo cheio de lixo e meus amigos arrasados!!!'

O diabo olha pra ele, sorri ironicamente e diz:

-'Ontem estávamos em campanha.
Agora, já conseguimos o seu voto...'
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