terça-feira, 13 de novembro de 2007

Autópsia psicológica


A autópsia psicológica é um procedimento utilizado em casos onde há dúvidas sobre as circuntâncias de uma morte, fazendo-se necessário uma reconstrução do perfil psicológico da vítima e seu estado mental antes do fato juridicamente questionado.
Podemos considerar um instrumento útil na medida em que ajuda a esclarecer até que ponto a vítima pode ter provocado as circunstâncias que resultaram em sua morte (suicídio, homicídio, acidente); diminuindo o risco de acusações injustas contra outras pessoas ou a própria pessoa morta. Por exemplo: alguém pode estar sendo acusado de ter matado um suicida, ou então, um caso aparente de suicídio ter sido na verdade um homicídio, ou até um suicídio induzido.
Tratando-se realmente de suicídio, a importância da autópsia psicológica pode estar na pesquisa de sintomas que o sinalizem, para que se possa a partir daí avaliar pessoas que corram o risco de se matar e agir preventivamente.
A autópsia psicológica é um processo indireto de exploração da personalidade e vida da pessoa falecida: vai se reconstruindo seus sentimentos, seus afetos, seus relacionamentos, suas dificuldades, seus conhecimentos, seu trabalho, além de histórias clínicas, processo judicial (se houver), escritos, gravações, notas suicidas ou cartas da vítima nos meses anteriores ao evento. No geral, seus antecedentes médicos, psicológicos, sociais e judiciais. A palavra utilizada, “indireto”, deve ser destacada: a análise é feita a partir do relato de outras pessoas (familiares e pessoas do convívio da vítima), o que dá margem a uma eterna dúvida quanto a veracidade das informações, já que a subjetividade da pessoa jamais poderá ser alcançada. A visão de outras pessoas pode ser diferente da que a própria pessoa tinha de si e do que vivia. Além de que, a memória humana é sujeita a muitas falhas, podendo inclusive ser influenciada pelas emoções do luto, por exemplo.
Por fim, uma outra crítica feita a este procedimento se refere à falta de um modelo sistemático de como realizá-lo. Se cada pessoa ou equipe o aplica de uma forma particular, isso interfere nos seus índices de validade. Entretanto, é importante lembrar que a autópsia psicológica resulta apenas em probabilidades; nunca poderá determinar com exatidão se a morte foi suicídio, homicídio ou acidente.

Considerando todos os argumentos levantados, podemos considerar a autópsia psicológica um instrumento útil, já que trata-se apenas de um elemento adicional, para auxiliar na elucidação do caso e não resultante em algo absoluto.



Saiba mais:

TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia Jurídica para Operadores do Direito.


3 comentários:

Camila Sousa de Almeida disse...

hehehehe realmente... eu continuo a me perguntar... o que seria deste blog sem a musa...?! ;P

bjão!

Anônimo disse...

Otimo texto sobre autópsia psicológica! me ajudou bastante :)
PARABENS!

Mente Hiperativa disse...

Poxa não sabia disso... rsrs

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