
"O estudante chega à faculdade após exame de seleção aleatória e quase nada sabe das suas motivações conscientes e muito menos dos aspectos inconscientes envolvidos na escolha profissional do curso de medicina. Traz os vícios e conceitos do ensino formal do segundo grau e às vezes espera encontrar na uviversidade a mesma maneira de ensinar que lhe foi proporcionada até então. Terá poucas surpresas. Porém, poderá haver um ensino questionador, problemático, em que educador e educando acertam e erram juntos, trocando vivências, problemas e experiências, dialogando sem dominação de uma parte sobre a outra. Isto requer que haja plena liberdade de expressão para criar, construir, destruir e reconstruir, aventurar-se sem opressão e sem medo (um dos ideais universitários).
E acontece o encontro. Lá estão eles: o estudande de medicina e o seu professor.
Existem estudantes e professores inseguros em diversos aspectos diante do exercício da medicina e do ensinar e aprender. Esses rendem mais quando se encontram.
Existem estudantes e professores "seguros" quanto aos temas da medicina e quanto às técnicas do aprendizado. Esses trocam pouco entre si e vivem em um "faz de conta".
Existem vários tipos de professores: novos ou velhos, inquietos ou passivos, cansados ou dispostos. Professores muitas vezes prepotentes e que são, em alguns casos, modelos para o aluno. Professores que não têm formação didática e, mesmo quando a têm, ministram aulas teóricas e práticas por imitação de modelos antigos que os impressionaram anteriormente. Podem ser modelos "bons" ou "maus". Fica a critério de cada um definir.
O estudante pode considerar como modelo bom aquele de quem ele se sinta mais próximo e por quem não se sinta ameaçado. Este, em diversas situações, será o eleito para uma identificação, sem ser necessariamente o "bom" como médico. Acontece também, quando questionador, do professor assustar os alunos (e virse versa). Assim, pode ser rechaçado e com essa rejeição vão por água abaixo todas as suas qualidades. Mas, pode haver identificação, também, com o professor que demonstra poder e sedução. Esse, passará a ser cultuado por alguns grupos de estudantes.
É mais provável que o "bom" professor não negue as dificuldades emocionais que sentiu nas diversas fases do curso médico e identifica-se, dessa forma, mais facilmente com o aluno. Até mesmo quando está diante de alunos que praticam farsas. Afinal, ele também, como ser humano e outrora estudante ou adulto, pode ter se utilizado dessas práticas. Talvez, por isso mesmo, ele seja mais sensível na detecção de situações semelhantes. Diante desse professor, o estudante deve se sentir mais confortável para relatar suas dúvidas, certezas, fracassos, vitórias, farsas e conquistas legítimas. O resultado dessa troca é muito gratificante, mesmo que em alguns momentos doloroso. O colega se sente pouco à vontade para avaliar a farsa do outro. A tendência é que haja uma união, por parte dos alunos entre os alunos e dos professores entre os professores, em uma negação coletiva da farsa contruída pelo outro. Mas, há uma consciência que existiram relatos falsos e verdadeiros. Porém, a mentira ou a verdade não importam tanto. O compartilhar a possiblidade de mentir ou de se está dizendo a verdade é mais proveitoso. Essa possibilidade, geralmente, é uma grande ameaça para a maioria dos professores e alunos. Há uma "fantasma" coletivo chamado "represálias".
Docente "mau" será, em psicologia médica, aquele que não se dá emocionalmente ao estudante (tanto em momentos de alegria como de tristeza, tanto em momentos de prazer como de desprazer). Esse professor sempre estará vigilante para se defender com a onisciência que supõe ter. Pode repetir o modelo de figuras parentais (pais, mães) e, dessa forma, ser o espelho para esse aluno e futuro profissional. Quando o estudante trilha o caminho acadêmico, terá uma probabilidade imensa de seguir esse mesmo caminho. Predominará na relação com o outro a rigidez e a prepotência. Uma relação típica de quem julga saber muito mais que o outro. Não haverá espaços para o relativo. Para essas pessoas, tudo só pode ser absoluto ou falso. O ciclo não termina.
No encontro entre o professor e o aluno sempre haverá espaço para expectativas. De ambas as partes. Mas, o que deve prevalecer é a consciência que não estamos nesse mundo para satisfazer às expectitativas de nenhum ser humano. Ninguém, absolutamente ninguém, além de nós mesmos, é capaz de lutar pela nossa felicidade. Se não o fizermos, nem uma pessoa (por mais que nos ame) buscará a felicidade em nosso lugar. A felicidade é extremamente particular. A de um ser humano pode ser totalmente distinta da de outro. Se nos encontramos com esse outro é muito bonito. É lindo quando as expectativas são alcançadas mutuamente. Caso contrário, pouco há o que se fazer."
E acontece o encontro. Lá estão eles: o estudande de medicina e o seu professor.
Existem estudantes e professores inseguros em diversos aspectos diante do exercício da medicina e do ensinar e aprender. Esses rendem mais quando se encontram.
Existem estudantes e professores "seguros" quanto aos temas da medicina e quanto às técnicas do aprendizado. Esses trocam pouco entre si e vivem em um "faz de conta".
Existem vários tipos de professores: novos ou velhos, inquietos ou passivos, cansados ou dispostos. Professores muitas vezes prepotentes e que são, em alguns casos, modelos para o aluno. Professores que não têm formação didática e, mesmo quando a têm, ministram aulas teóricas e práticas por imitação de modelos antigos que os impressionaram anteriormente. Podem ser modelos "bons" ou "maus". Fica a critério de cada um definir.
O estudante pode considerar como modelo bom aquele de quem ele se sinta mais próximo e por quem não se sinta ameaçado. Este, em diversas situações, será o eleito para uma identificação, sem ser necessariamente o "bom" como médico. Acontece também, quando questionador, do professor assustar os alunos (e virse versa). Assim, pode ser rechaçado e com essa rejeição vão por água abaixo todas as suas qualidades. Mas, pode haver identificação, também, com o professor que demonstra poder e sedução. Esse, passará a ser cultuado por alguns grupos de estudantes.
É mais provável que o "bom" professor não negue as dificuldades emocionais que sentiu nas diversas fases do curso médico e identifica-se, dessa forma, mais facilmente com o aluno. Até mesmo quando está diante de alunos que praticam farsas. Afinal, ele também, como ser humano e outrora estudante ou adulto, pode ter se utilizado dessas práticas. Talvez, por isso mesmo, ele seja mais sensível na detecção de situações semelhantes. Diante desse professor, o estudante deve se sentir mais confortável para relatar suas dúvidas, certezas, fracassos, vitórias, farsas e conquistas legítimas. O resultado dessa troca é muito gratificante, mesmo que em alguns momentos doloroso. O colega se sente pouco à vontade para avaliar a farsa do outro. A tendência é que haja uma união, por parte dos alunos entre os alunos e dos professores entre os professores, em uma negação coletiva da farsa contruída pelo outro. Mas, há uma consciência que existiram relatos falsos e verdadeiros. Porém, a mentira ou a verdade não importam tanto. O compartilhar a possiblidade de mentir ou de se está dizendo a verdade é mais proveitoso. Essa possibilidade, geralmente, é uma grande ameaça para a maioria dos professores e alunos. Há uma "fantasma" coletivo chamado "represálias".
Docente "mau" será, em psicologia médica, aquele que não se dá emocionalmente ao estudante (tanto em momentos de alegria como de tristeza, tanto em momentos de prazer como de desprazer). Esse professor sempre estará vigilante para se defender com a onisciência que supõe ter. Pode repetir o modelo de figuras parentais (pais, mães) e, dessa forma, ser o espelho para esse aluno e futuro profissional. Quando o estudante trilha o caminho acadêmico, terá uma probabilidade imensa de seguir esse mesmo caminho. Predominará na relação com o outro a rigidez e a prepotência. Uma relação típica de quem julga saber muito mais que o outro. Não haverá espaços para o relativo. Para essas pessoas, tudo só pode ser absoluto ou falso. O ciclo não termina.
No encontro entre o professor e o aluno sempre haverá espaço para expectativas. De ambas as partes. Mas, o que deve prevalecer é a consciência que não estamos nesse mundo para satisfazer às expectitativas de nenhum ser humano. Ninguém, absolutamente ninguém, além de nós mesmos, é capaz de lutar pela nossa felicidade. Se não o fizermos, nem uma pessoa (por mais que nos ame) buscará a felicidade em nosso lugar. A felicidade é extremamente particular. A de um ser humano pode ser totalmente distinta da de outro. Se nos encontramos com esse outro é muito bonito. É lindo quando as expectativas são alcançadas mutuamente. Caso contrário, pouco há o que se fazer."
por Danilo Perestrello em "A Medicina da Pessoa".